quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Abelhas farejadoras de bombas!

Equipes militares e policiais usam cães para farejar explosivos há décadas. De acordo com os cientistas do Laboratório de Pesquisa de Defesa Avançada (Darpa), que trabalham com abelhas desde 1999, elas podem desafiar os cães quando se trata de olfato. Aqueles mesmos insetos que emitem zumbidos e procuram pedaços minúsculos de pólen usados para produzir mel podem detectar com a mesma facilidade outras pequenas partículas no ar, inclusive sinais de materiais usados em bombas. Então, como você pode treiná-las para que reajam aos explosivos como reagem ao pólen?
Da mesma maneira como se treina qualquer animal para fazer praticamente qulaquer coisa: associando um estímulo específico a uma recompensa. Com o cão de Pavlov, a associação do som de um sino ao cheiro de comida fazia o cão salivar quando o sino tocava. Com as abelhas no Laboratório Nacional de Los Alamos, em que pesquisadores estão realizando os estudos militares mais recentes com abelhas, a associação do cheiro de componentes da bomba à água açucarada faz que as abelhas estendam seus probóscides, como se estivessem a ponto de extrair néctar doce de uma flor, quando sentem cheiro de explosivos. E isso não demora muito tempo. As abelhas que fazem as associações conseguem isso rapidamente, depois de apenas algumas exposições a componentes vaporizados de explosivos seguidos pela água açucarada.



Com as abelhas amarradas em pequenos tubos, os cientistas envolvidos no Stealthy Insect Sensor Project liberam o cheiro de componentes químicos usados para fabricar explosivos, como dinamite, C-4 e bombas líquidas. Esperando a água açucarada em seguida, cada abelha treinada estende seu probóscide, que começa a balançar no ar à procura de néctar. É essa reação óbvia que torna tão útil esse método de treinamento em particular. Mantendo as abelhas em estruturas fechadas, os pesquisadores podem usar equipamentos de monitoramento para perceber a movimentação dos probóscides. Nesse caso, uma câmera digital com um software de reconhecimento de padrão podem captar a movimentação e indicar a presença de explosivos nas proximidades. A estrutura portátil a torna ideal para testes em aeroportos, estações de trem e postos de checagem na beira de estrada em zonas de guerra, como o Iraque. As abelhas podem detectar no ar os produtos químicos procurados em concentrações tão baixas quanto algumas partes por trilhão.
Anos antes, um projeto financiado pelo Darpa treinou abelhas para que elas fossem atraídas por explosivos em vez de pólen, usando o mesmo processo de recompensa com água açucarada. Esse estudo as treinou para que voassem ao redor do lugar com cheiro de 2,4-dinitrotolueno, um resíduo químico deixado por vários tipos de bombas. As abelhas soltas trabalhavam muito bem em áreas pequenas e externas, e os guardas de segurança podiam ver com facilidade o lugar onde estavam voando, mas eram difíceis de rastrear quando usadas para detectar explosivos em espaços amplos e abertos. Então os pesquisadores colocaram pequenos transmissores de rádio nas abelhas para encontrá-las - e encontrar a bomba - quando elas voavam sobre um lugar. Abelhas soltas e treinadas não seriam muito bem-vindas em postos de segurança de aeroportos, mas poderiam trabalhar muito bem em uma zona de guerra.
Pesquisadores do Los Alamos também estão treinando abelhas para farejar drogas, como metanfetamina e cocaína.